domingo, 1 de março de 2009

Tunti-tunti? Passo.


Praia e chuva causam um efeito estranho em mim, me fazem pensar. Então vou aproveitar estes raros momentos e abrir meu coração com vocês sobre grandes inquietudes que acercam meu ser.

Havia apenas uma coisa que eu tinha certeza: a de que a melhor e mais fácil profissão do mundo era a de comentarista esportivo. Ora bolas, passar o dia inteiro falando de futebol respondendo perguntas óbvias me parece muito atraente. Se for questionado pelo narrador do jogo sobre o que o time que perde por 1 a 0 deve fazer para virar a partida, é só responder: “Apenas dois gols”. Se por um acaso o time que você disse que era favorito, perder; é só dizer: “É a magia do futebol, amigo!”. Ou seja, errando ou acertando, você mantém seu emprego. Se sua mulher quiser ver a novela da Índia, da China ou de qualquer outro país emergente não católico na hora do jogo, é só dizer: “Preciso trabalhar, mulher, bota no jogo, depois eu tiro o a fita crepe na sua boca!”.

Porém, para atormentar a única certeza da minha vida, em uma festa de carnaval no Bali[Oi!] (Nome censurado devido a falta de pagamento do merchandising), encontrei uma “profissão” a altura da de comentarista esportivo. A barbada se chama: DJ de música eletrônica. Explicar-lhes-ei caros amigos. Segurem-se nas poltronas e não troquem de canal, ou de aba do internet explorer.

No inicio da citada festa acima, dirijo-me até a tenda eletrônica para dar uma chacoalhada nos meus órgãos internos. Aquele tunti-tunti repetitivo, sem vocal, apenas “batendo”, faz me cair no tédio em exatos dez segundos. Mas para minha sorte havia outra pista para balançar o esqueleto, dessa vez com músicas de verdade como o hit do verão: A-A-A-AAI, DOUNOUA-A-A-AAAI.

Depois de algumas horas, resolvo dar outra chance para a tenda eletrônica, meu pai (produtor deste tipo de festa) gostaria que eu fizesse isto. Ao aproximar-me do local, reparo algo deveras interessante. As características da música que estava tocando era: tunti-tunti repetitivo, sem vocal, apenas “batendo”. Como um dejavu, sinto já ter vivido aquilo antes.

Num instante, meus olhos cor de mel dirigem-se ao DJ, que fazia gestos exagerados, como se estivesse fazendo um grande esforço para deixar a música tão “boa”. Cá para nós caros amigos, aposto que no notebook que ele carregava ao lado da mesa de aúdio, estava aberto paciência spider no easy, para ele ter algo com o que se distrair. Quanto ao som da festa, um cd com uma mesma música de 2 segundos no repeat daria conta da noite inteira.

Mas a parte mais interessante na profissão de um DJ de música eletrônica deve ser a escolha do nome da música. Porque deve ser bem difícil achar um nome para uma "canção" dessas. Na contra capa do CD podemos observar a playlist: Tunti-tunti lento 05h45m05s, Tunti-tunti médio 04h34m15s, Tunti-tunti rápido 07h12m01s, Tunti-tunti ultra-remix 02h23m46s, Tunti-tunti Chucknorrisomgstopthafuckingshitmusicofhell 02h23m46s, entre outros sucessos que tocam na ci-ci-ci-cidade-cidade-cidade.

Pensando bem, não é uma profissão tão boa assim, passar o dia inteiro ouvindo essa batida deve ser pior que passar o verão em Quintão sem baralho, com televisão só pegando redeTV!, e sem uma arma carregada para os momentos mais tensos.

Desculpa pai, mas eu sou careta demais para essas novidades.
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Comentários críticos embasadados em teorias neo-realistas do século 19 não são bem-vindos. Já os demais lambuzem-se.

2 comentários:

Anônimo disse...

A-A-A-AAI, DOUNOUA-A-A-AAAI também é feita por um cara que só coloca 2 segundos no repeat.... a moça cantando é só p enganar..

os tunti-tunti estão dominando...infelizmente

Filipe disse...

"deve ser pior que passar o verão em Quintão sem baralho, com televisão só pegando redeTV!, e sem uma arma carregada para os momentos mais tensos."

Hehehe mto engraçado! Fechou com chave de ouro.

Abraços