domingo, 10 de maio de 2009

O túnel na avenida Ipiranga, eu vi


Em 2007, corri algumas maratonas, incentivado por meus tios quenianos. Na quinta-feira passada, talvez eles tenham sido cruciais. Pra falar a verdade, agora tudo se encaixa. Em uma destas maratonas, ganhei um tênis de corredor do meu tio, que tenho até hoje, e curiosamente, estava usando-o no fatídico dia.

Eu não era exatamente o que se chama de “promessa da corrida”, mas vejam bem, entre uns quatrocentos corredores, eu conseguia ganhar... de duas ou três pessoas. Ás vezes rolava uma disputada briga por colocação entre mim e a tia Maria, uma simpática senhora de 65 anos. Eu geralmente perdia, mas aposto que era porque ela corria de chinelo de dedo, que a deixava mais leve.

Na quinta-feira passada eu estava voltando de uma frustrada entrevista de emprego no Morro Santa Tereza. O desgramado do “Nego bola 7” não estava precisando de aviãozinho, e infelizmente é a única dobradura que sei fazer.

Caminhava pela avenida Ipiranga, em direção a Fabico. O trânsito era intenso, recém passava das 18h.

O sinal estava vermelho, e a faixa de segurança estava a aproximadamente vinte metros. Percebi que poderia passar entre os carros, afinal a fila de automóveis já alcançava o ponto onde eu estava. Num infeliz ato de pseudo-esperteza comecei a cruzar a rua através dos imóveis carros, porém quando atravessei a segunda de quatro pistas da avenida, o sinal abriu. Tudo bem, era só dar um “piquezinho” e tudo seria resolvido.

Seria.

No que fui passar pela frente do carro da terceira faixa, ele arrancou, impedindo minha passagem, fiquei alguns instantes pensando no que fazer, mas ficar pensando no meio da Ipiranga não era a coisa mais sensata a fazer. Então, lembrei-me que estava por um acaso com os tênis que meu tio outrora me presenteou. Realmente demorei um pouco para tomar uma decisão, o carro arrancou muito rápido, sua velocidade era cerca de 25 Km/h.

Num ato talvez de maior, ou menor pseudo-esperteza, começo a correr ao lado do carro em plena Ipiranga tentando ultrapassá-lo. A disputa lado a lado dura cerca de três segundos (achou pouco? Experimente então seu !@##$) e, contorcendo minha malevolente cintura para não colidir com o pára-choque do carro, ultrapasso a frente do veículo (sem ligar o pisca) e vou em direção a quarta faixa, esta com um vão de carros que me facilitou alcançar o outro lado da avenida.

Logo em seguida, tive que atravessar outra rua, a faixa de pedestres estava a cerca de trinta metros, o sinal estava fechado, não hesitei...

...fui até a santa faixa. O sinal acabou abrindo e tive que esperar, não foi muito emocionante, mas também não precisei humilhar um carro num racha. Looser.

Tudo isso me fez ter certeza de algumas coisas: prefiro ser motorista a pedestre; faixas de segurança realmente são mais seguras; tia Maria se cuide pois eu voltarei.
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Eu vi o túnel

Um comentário:

Marcelo disse...

eu sei que tu chegou depois da tia Maria :D