quarta-feira, 20 de maio de 2009

O retorno do iluminado: Comigo não, violão


Um amigo me reclamou que não lê os textos deste blog pois são muito grandes. E isso foi um dos motivos para escrever este, o maior de todos. Portanto senhor L. A., repito, www.youtube.com tem ótimos vídeos de bbb`s de biquíni. Para os demais que irão ler, desde já deixo explicito, nada escrito abaixo foi inventado.
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Para os milhões de leitores não ficarem mais por fora que braço de caminhoneiro, o título de “iluminado” foi dado a mim por este que vos escreve não porque já interpretei um poste, mas sim, porque num dado texto que escrevi a mais de um ano, explorei os melindres de nunca ter sido assaltado, apesar de não terem faltado oportunidades.

Agora que já introduzi nos meus caros leitores o assunto, devem imaginar do que se trata o texto.

Ouvia música enquanto esperava o ônibus que me levaria pra a primeira entrevista. Percebo que a outra pessoa da parada, uma moça, me olhava diretamente. Penso que estava por me chamar, então viro o rosto e vejo ela fitando-me, mas sem falar nada. Então ignoro-a, como ela insiste em fitar-me, olho de novo só que desta vez retiro os fones. Ela estava há tempos tentando falar comigo. Senti-me mal por sem querer ter ignorado a moça que apenas queria uma informação. Concluo que os fones de ouvido me tornam alguém capaz de ignorar pessoas sem ter intenção. Alguem de fato, um pouco menos acessível. Que bom.

Voltando da primeira entrevista de estágio que ficava um pouco depois do fim do mundo, e indo para a segunda, subo em um ônibus que nem ao menos lembro a linha. Afinal, apenas o peguei porque haviam me apontado ela como uma linha que passava no local desejado. Ao pegar o ônibus, desloquei-me ao banco que fica logo depois da porta de desembarque, e resolvo sentar no assento do corredor.

Um bom tempo depois, sobem dois rapazes de aparentemente vinte anos. Eu vestia uma camisa gola pólo com um casaco elegante por cima, afim de tentar imitar uma impressora e causar uma boa impressão nas duas entrevistas. Como em todo texto deste blog, ele aparece, o meu mp3 nadador novamente se fazia presente. Talvez ele tenha influenciado um pouco na escolha da dupla meliante.

Um dos dois rapazes sentou no banco ao lado do meu, ficamos separados pelo corredor. Percebo ele virar o rosto e fitar-me afim de que eu percebesse e olhasse-o. Não sei se tentou me chamar ou se apenas me analisava, pois como disse, estava ouvindo música. Diante do insucesso da intimidação, o segundo vem na direção do primeiro e conversam algo. Logo em seguida, o segundo senta ao seu lado.

O rapaz volta a fitar-me, e dessa vez, cansado de me ver ignorar o seu olhar, me cutuca com o braço direito. Eu retiro o fone do ouvido esquerdo, e olho para ele. No seu colo havia uma arma prateada muito brilhante com o cabo tendo detalhes em madeira, e então ele diz:
- Vai pro lado, agora, vai.
O banco ao meu lado estava vazio, e o resultado da obediência da ordem veio-me à cabeça. Sabia que eles sentariam ao meu lado para bloquear uma possível fuga e então levar tudo que eu possuía: relógio, celular, carteira, mp3, mochila, Flávia Alessandra (Brincadeira, ela estava em casa me esperando).

Fiquei pensando em silêncio ouvindo-o insistir. Precisei de cinco segundos para tomar uma salvadora solução, ou a última decisão. Lembrei-me do fato que aconteceu com um conhecido muito amigo de meu pai. Após a abordagem de assaltantes a seu carro, ele foi colocado de bruços no chão. Num ato impulsivo tentou esconder as chaves atrás da roda, pensando ingenuamente que aquilo poderia impedi-los de levarem seu carro. O assaltante pensou que ele iria retirar uma arma de trás do pneu e então atirou nas suas costas deixando-o paraplégico. Mas isso não foi o suficiente para mim, eu realmente não estava assustado até o dado momento.

Levantei-me sem dizer nada.
Tentaram evitar dizendo: “Volta aqui, chega aí, era brincadeira!”
Como fiz desde o começou, apenas fingi não perceber nada. Fiquei com medo deles pensarem que eu iria em direção ao cobrador pedir ajuda, e devido a isso tomar um tiro enquanto caminhava de costas. Por isso que parei relativamente longe do cobrador, no meio do ônibus. Afinal, seria inútil tal tentativa, o que o cobrador poderia fazer para me ajudar?

Nos momentos em que fiquei em pé, não olhei para os lados, com medo de que com algum olhar de medo pudesse encorajar-los a uma outra tentativa.

Havia outro problema, como iria descer? Eles poderiam ficar lá, esperando eu descer pra saírem junto comigo, e assim concretizar o ato. Minha parada se aproximava, mas já cogitava a idéia de descer no final da linha.

Uma parada depois, resolvo sentar em um assento vago bem ao lado do cobrador. Fito-o discretamente como tentando ver apenas pelo seu olhar que ele havia percebido a situação. Discretamente ele me olha e então digo o que aconteceu e pergunto: “Posso descer pela frente? Pulando a roleta?” Ele nega e diz que os rapazes que eu descrevi anteriormente já haviam desembarcado. Olho então para o fundo do ônibus e percebo mais ou menos no mesmo lugar dois rapazes e afirmo para o cobrador: “Eles tão aí ainda.” A senhora que sentava ao meu lado solta um “Ai meu Deus!” Certamente deve ter pensado “Que guri filha da mãe, em vez de ser assaltado numa nice lá atrás, veio pro meu lado bem na frente do cobrador, agora vai fazer o ônibus inteiro ser roubado)

Olho novamente para trás e vejo que não eram os mesmos, que de fato, os assaltantes haviam descido pouco depois de eu levantar-me. Notaram que a minha ação de levantar e indiretamente fitar o cobrador deixou o mesmo ciente do que estava acontecendo, e então para evitar uma confusão maior que um simples assalto, os rapazes resolveram descer do ônibus para tentar uma melhor sorte numa outra linha.

O que realmente me deixou impressionado com tudo isso foram as coinscidências. Eu realmente NUNCA sento no lado do corredor, pouco antes da subida dos rapazes, até lembro de me questionar porque que não sentei na janela, mas resolvo por algum motivo ficar onde estava, e isso foi realmente crucial para a não concretização do assalto. E ainda aquela primeira situação na saída de casa, onde ignorei a moça, parece ter sido um aviso do que estaria por vir. É por isso que afirmo, sou iluminado, talvez tenha sido uma espécie de premunição, ou talvez realmente exista algo em volta de nós que nos cochicha aos ouvidos os caminhos corretos a percorrer.

Só torço para que nunca o volume da música que eu estiver ouvindo esteja tão alto que não consiga ouvir os cochichos. Ou tão talvez os cochichos estejam justamente na música. Na verdade, em todas ocasiões que percebi-me fitado, não conseguia prestar atenção na música, parecia que ela não estava tocando, justamente para que pudesse ser guiado.
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Apesar do risco, acredito ter feito o certo.

9 comentários:

Marcelo disse...

Tamanhodotexto :O
outra hora volto aqui para lêr :/

Mauricio Cauduro disse...

o Fagner é a pessoa com o maior número de experiencias de "quase-assalto" que eu conheço...

Leila Ghiorzi disse...

É, eu ainda lembro do texto no primeiro semestre...

Anônimo disse...

O cara que disse isso só pode ser um imbecil! Olha o tamanho da bíblia e o sucesso de vendas que ela tem!

Anônimo disse...

Sensacional!

Anônimo disse...

Olá. Parabéns pelo sucesso do blog! Você é um iluminado dos textos! Continue assim!

Anônimo disse...

Anônimos que mandam aqui no blog!

Anônimo disse...

ÇUÇEÇO

Filipe disse...

Muito bom o texto primo. E muito triste aquela história do amigo do teu pai... infelizmente de lá pra cá a segurança não melhorou nada.
Abração!
PS: Li o texto faz um tempão pelo Google Reader (www.google.com/reader) mas só agora pude deixar um comentário.